quarta-feira, 31 de julho de 2013

Francisco, o Papa da esperança



O teólogo Hans Küng, já em 1977, sobre a celebração culto divino, a partir da realidade da Europa, falava de uma Igreja portadora da esperança, que muito falava de esperança, mas que pouca a proporcionava. Hoje está à frente da Igreja Católica Francisco, o Papa da esperança, afirmando com todas as letras que não é mais possível pensar na humanidade, seja ela rica ou pobre, sem colocar no âmago da questão outro caminho para a humanidade, o caminho da esperança, proposto e traçado pelo próprio Deus e Pai, aquele inaugurado na frágil criança de Belém, nas palavras do Apóstolo Paulo: “Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente. Mas esvaziou-se a si mesmo, e assumiu a condição de servo” (Fl 2,6-7). 
A humanidade tem como tarefa prioritária dentro do processo do anúncio do Evangelho, colocar com clareza que a encarnação do Filho de Deus é algo atualíssimo e também decisivo para toda criação, mas que se encontra enorme resistência ou não se aceite e mesmo não se admite. O grande sonho do Pai, encarnado pelo Filho é aquele de nunca se negar a possibilidade de realização que foi e é oferecida à criatura humana, já aqui neste mundo e no mundo futuro.
O Papa Francisco nos abre o caminho da esperança quando deseja que a humanidade pense e reflita na missão da Igreja: “Podemos construir muitas coisas, mas se não cremos em Jesus Cristo, nos converteremos numa ONG humanitária, mas não na Igreja, esposa do Senhor. A Igreja não é uma organização que nasce de um acordo entre pessoas, mas obra de Deus”.
A esperança da humanidade tem seu eixo na fragilidade do Filho Deus, que nem pedra tinha para reclinar a cabeça, na qual teve seu início naquela noite fria de 25 de dezembro, quando foi anunciada a feliz notícia, oriunda do coro dos anjos, de que o nosso Deus, como aprendemos e firmemente cremos, quis servir-se da fragilidade humana, atestando-nos que a força e o vigor dos fortes e poderosos são em geral ilusórias. É imprescindível refletir no mistério da Sexta Feira da Paixão, personificada na figura do Servo de Javé: “Tão desfigurado ele estava, que não parecia um homem ou tinha aspecto humano, do mesmo modo ele espalhará sua fama entre os povos. Diante dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrado e conhecendo coisas que jamais ouviram” (Is 52, 14-15).
O Sucessor de Pedro, com sua presença amiga na Jornada Mundial da Juventude, na cidade do Rio de Janeiro quer falar bem alto ao coração dos cristãos do mundo inteiro, e de modo especial à juventude, que a nossa esperança é geradora de bons resultados, tem sua lógica no nosso Deus encarnado e não nos exércitos, com carros e cavaleiros, nas bombas e gás lacrimogêneo, sem esquecer os lucros das orgias financeiras...
O Vigário de Cristo na terra quer nos afirmar que os grandes deste mundo, se não mudar de postura, são incapazes de produzir e gerar a tão sonhada esperança, por causa da incompetência em construir caminhos seguros e sólidos para os empobrecidos de todo o planeta. São fraquíssimos, na pouca capacidade de gerar sonhos de uma alegre esperança para as pessoas do mundo inteiro, demonstrando forças tão somente no efêmero e ilusório, no emocional e superficial.
Iremos repetir, sem jamais esquecer as palavras de Francisco, quando falou de uma Igreja pobre para os pobres: São Francisco de Assis é o homem que nos dá este espírito de paz, o homem pobre… “Ah, como gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres! A pobreza é aprendida com os humildes, os doentes e todos aqueles que estão nas periferias existenciais da vida. A pobreza teórica não serve para nós. A pobreza se aprende tocando a carne de Cristo pobre nos humildes, nos pobres, nos doentes e nas crianças”. 
Concluímos nosso artigo, estimado leitor, nas palavras do Ângelo do Romano Pontífice (21/07/2013), antes de partir em viagem missionária ao Brasil: “A oração que não gera uma ação concreta em ajuda de nossos irmãos pobres, doentes, carentes, que precisam de nós, é uma oração estéril e incompleta. Por outro lado, quando no serviço eclesial se presta mais atenção no ‘fazer’, dando mais importância às funções e estruturas, corre-se o risco de servir apenas a si mesmo e não a Deus, presente no irmão necessitado”.




Fonte: Padre Geovane saraiva*