Eu não me lembro de ter lido, visto ou ouvido que o alemão Joseph Alois
Ratzinger renunciou a sua juventude pela
vida reclusa do sacerdócio; também não me lembro da sua renuncia da vida
familiar, pela vida dedicada ao próximo; também não lembro da sua renuncia a
altos salários, para viver o confortável mundo da tecnologia; também não lembro
da sua renuncia de horas de sono, para aprender a falar em todas as línguas e
sinceramente, não me recordo da sua renuncia à vaidade e aos longos e
confortáveis dias de uma aposentaria, por todos os dedicados anos de doação.
Mas lembro sim, que em
abril de 2005 de uma fumaça de cor escura sendo substituída por uma fumaça
branca, indicando que o alemão conhecido por Ratzinger, tinha consumado todas
as suas abdicações e mais uma vez renunciava, deixando de ser um padre a mais,
para ser o pastor de mais de um bilhão e duzentas mil ovelhas.
Estou triste não pela
renuncia desse pastor, mas pelo metralhar dos aleivosos em fazer de
desentendidos, dos reais motivos da renuncia do Papa Bento XVI. Este Papa,
assim como todos os outros, sempre foram apegados a renuncia. A renuncia de um
mundo que vive pelo ter e não ser, pelo fazer e não servir, pelo juntar e não
partilhar, pela vida terrena e não pela vida eterna. Ser Papa já é uma
renuncia. Seja qual for o leilão arrematado de tantos motivos especulados por
este ato, nós é que devemos ser humildes e lúcidos para entender e seguir o seu
homérico gesto em renunciar ao egocentrismo, ao modismo, ao pseudo poder e ao
status da coisificação, em que vive hoje nossa sociedade. Se seu estado de
saúde é frágil, nós é que estamos doentes pela cegueira, pela insensibilidade e
pela insensatez de colocar em duvida, o direito da opção de ser soberano ou
viver em sujeição. Sua renuncia é um protesto silencioso ao barulho dos
hipócritas, e mais uma vez este alemão recolhe em ser ainda mais fiel, às bens
aventuranças de Jesus Cristo, a humildade de São Francisco de Assis e à claridade
de Santa Clara.
Amigo Ratzinger, sua vida
ainda continuará sendo de renuncia, com a diferença de que quando Deus te
chamar, não haverá mais honras pomposas, homenagens clamorosas e nem seu corpo
será exibido, para aqueles que ainda não aprenderam o verdadeiro significado da
renuncia. Mas tenha certeza, seu gesto não foi em vão. Hoje sabemos que somos
apenas criaturas e como tal, devemos amar a Deus, acima de todas as coisas.
Obrigado Bento XVI por nos
ensinar a renunciar.
EngºAgrº O.E.Borborema
Capela
Santa Clara
Goiânia,
05 de março de 2013